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Estudo conclui que exposição ao arsênio em Paracatu é baixa

Os resultados do estudo Avaliação da Exposição ao Arsênio da População de Paracatu foram apresentados no dia 27 de janeiro, em reunião realizada no município com representantes da imprensa, lideranças comunitárias e poder público. Dados obtidos durante sete anos de estudos realizados por cientistas reconhecidos nacional e internacionalmente mostraram que a exposição ao arsênio em Paracatu é baixa.

O estudo baseou-se na análise das principais fontes de exposição que a população local está submetida, sendo: inalação de poeira, ingestão de água potável, alimentos e ingestão não intencional de solo. As contribuições relativas das várias rotas de exposição para o consumo diário total de arsênio foram calculadas e as principais conclusões são:

  • A exposição ao arsênio é considerada baixa uma vez que a exposição (ingresso) total, considerando todas as fontes, está abaixo de 10% da dose de referência estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
  • O risco à saúde humana é baixo uma vez que a exposição é baixa.
  • A contribuição da mineração, via poeira e solo, para a exposição ao arsênio é inferior à exposição via ingestão de alimentos e água. Além disso, ela também é inferior a 2% da dose de referência estabelecida pela OMS e, portanto, o risco para a saúde é baixo.
  • Níveis baixos de exposição ao arsênio por meio da água: O valor médio máximo de 1,34 µg/L (microgramas/litro) da concentração de arsênio nas amostras de água potável de superfície e de água dos poços comunitários mostrou-se sete vezes inferior ao limite de 10 µg/L, estabelecido pela legislação brasileira e recomendado pela OMS. A maioria dos valores de concentrações de arsênio em água mostraram-se abaixo de 0,3 µg/L. Esses resultados indicam que a exposição via consumo de água, a mais importante do ponto de vista dos casos mundiais de contaminação de população por arsênio, não apresenta riscos significativos à saúde.
  • O ingresso total calculado de arsênio de todas as fontes, para adultos e crianças, é, no seu valor máximo, cerca de 8%, do valor de BMDL5 (Benchmark Dose Lower Limit) que é de 3 μg/kg pc por dia (microgramas por kg de peso corporal por dia).
  • O risco de aumento de câncer associado à exposição total máxima de 0,25 μg/kg pc (micrograma/kilo do peso corpóreo), considerando todas as vias de exposição (solo, poeira, alimentos e água) em Paracatu é similar (para adulto) ou inferior (para criança) ao risco de se beber água contendo 10 µg/L de arsênio, concentração considerada como um limite seguro pela OMS e pela legislação brasileira.

Este estudo faz parte de uma série de medidas que a Kinross adota para garantir a segurança e a sustentabilidade de suas operações. Tais medidas incluem monitoramento ambiental rigoroso, procedimentos de controle de poeira, elaboração de relatórios periódicos para as autoridades ambientais, avaliação anual das instalações de rejeitos e exames médicos voluntários bianuais para todos os empregados. A Kinross adota práticas de mineração consolidadas e está comprometida com a segurança do meio ambiente e das comunidades locais.

 

Os líderes do projeto

O projeto foi coordenado pelos Professores Virginia Ciminelli, especialista em Hidrometalurgia Ambiental do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Massimo Gasparon, geoquímico da Faculdade de Ciências Geológicas da Universidade de Queensland (Austrália); e Professor Jack Ng, toxicologista credenciado do Centro Nacional de Pesquisa sobre Toxicologia Ambiental  da Universidade de Queensland.

Currículos

Professor Jack Ng possui doutorado em Toxicologia e Química Ambiental. É um dos poucos toxicólogos certificados na Austrália (Diplomado do Conselho Americano de Toxicologia). Atualmente Jack é o Chefe do Programa de Avaliação de Risco e Intervenção (anteriormente Metais e Metalóides), no Centro Nacional de Pesquisa para Toxicologia Ambiental (Entox), Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Queensland. Ele também chefia o Programa para Minimizar Incertezas no Programa de Avaliação de Risco no CRC-CARE (Avaliação de Contaminação e Remediação do Meio Ambiente). Jack teve uma contribuição significativa no conhecimento científico da toxicidade do arsênio desenvolvendo o primeiro modelo animal competente para a carcinogenicidade do arsênio. Ele possui uma vasta experiência de pesquisa nos campos de Toxicologia Ambiental e Química, metais pesados e toxinas naturais, e se concentra na relevância da especiação e biodisponibilidade como parâmetros chaves para a avaliação de risco. Uma grande parte da sua pesquisa visa gerar dados para preencher lacunas que são necessários em uma abordagem baseada em risco sob a estrutura de avaliação de risco. Jack é autor de inúmeros capítulos de livros e de mais de 300 publicações científicas e laudos e relatórios técnicos. Ele tem elaborado vários relatórios técnicos relacionados à avaliação de riscos de locais contaminados para a indústria e também para agências governamentais. Foi convidado pela OMS a contribuir com três capítulos no documento IPCS EHC (Critérios de Saúde Ambiental) sobre arsênio e a coordenar a produção do documento. Jack é co-autor e Membro do Grupo de Trabalho da Monografia 84 da IARC “Some drinking water disinfectants and contaminants including arsenic”. Foi convidado como co-autor e Assessor do 72o Comitê Especialista Conjunto OMS/OAA no Workshop de Aditivos Alimentares em 2010. Ele continua a trabalhar como Perito Assessor para o Comitê Especialista Conjunto OMS/OAA (2011-2016). Foi Editor Convidado para uma edição especial sobre arsênio na revista Toxicology Letters (2002), e para uma edição especial em metais e metalóides também na revista Toxicology Letters (2003), além de um número especial sobre arsênio no Journal of Hazardous Materials (2012). Foi nomeado pela Wiley VCH Publisher um dos três editores para a série de manuais Merian de Elementos e seus Compostos no Meio Ambiente (2012-2014); é Editor Coordenador do Environmental Geochemistry and Health Journal, membro do conselho editorial do Toxicology Journal, e revisor de várias publicações científicas internacionais .

Dr. Massimo Gasparon é Professor Associado de Geoquímica na Faculdade de Geociências na Universidade de Queensland, Diretor dos Laboratórios de Geociências e Geoquímica Ambiental, e Pesquisador Chefe no Centro Nacional Australiano para Pesquisa e Treinamento em Águas Subterrâneas. Possui vasta experiência no projeto e implantação de programas de amostragem, análise e monitoramento para a avaliação de risco ambiental, e tem um particular interesse em estabelecer níveis de linha-base de contaminantes em locais prístinos e locais impactados. Seus atuais interesses de pesquisa incluem o estudo e a modelagem da interação fluido-rocha (complexação, adsorção e cinética) em ambientes superficiais, análise de metais traço em níveis de ultra-traço e em matrizes ambientais difíceis, e avaliação de impactos ambientais.

Dra. Virginia S. T. Ciminelli é Professora do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais/Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e coordenadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Recursos Minerais, Água e Biodiversidade, uma rede que envolve pesquisadores de cerca de 30 instituições no Brasil e no exterior. A Prof. Virginia Ciminelli é membro eleita da Academia Brasileira de Ciências; membro eleita da Academia Nacional de Engenharia e, em 2014, eleita como membro estrangeiro da Academia Nacional de Engenharia dos Estados Unidos. Foi ponto focal brasileiro no  CYTED – Arsênio na Ibero-América (47 grupos de 17 países); co-autora de 200 publicações científicas – várias relacionadas com a fixação/remobilização de arsênio; orientadora de 45 teses/dissertações (12 no tópico Arsênio) e trabalhos de pós-doc; ganhadora dos prêmios: GEMS Alumni Achievement Award da Universidade do Estado da Pensilvânia (2004), FUNDEP (2008) e Prêmio Mercosul em Ciência e Tecnologia pelo trabalho intitulado: “The problem of Arsenic in Mercosur: An integrated and multidisciplinary approach to research and search for a solution” (2011); palestrante convidada de vários eventos no Brasil e no exterior; membro do corpo editorial do periódico Hydrometallurgy Journal e out ros; coordenou diversos eventos  e sessões de eventos no Brasil e no exterior, como vice-presidente do evento internacional Hydroprocess 2012 (Chile) e co-coordenadora de sessão da sessão Arsenic in Mining em 2012 (Austrália) e palestrante convidada para sessão plenária do evento Arsenic 2014, em Buenos Aires. Suas áreas de interesse de pesquisa incluem o desenvolvimento e aplicação de processos hidrometalúrgicos e tratamento de efluentes aquosos. Ênfase é dada à termodinâmica, cinética e modelagem molecular de reações de dissolução, sorção, precipitação, eletrorrecuperação e, em particular, aos fenômenos associados à oxidação de sulfetos e fixação de arsênio.

Virgínia Ciminelli
Virgínia Ciminelli